terça-feira, julho 25, 2006

A história do 67


O 67 tinha os dias contados quando o Manel Maria o encontrou.
Apaixonou-se por ele e logo o levou para decorar a malfadada porta de sua casa.
E como um talismã precioso, aquele 67 veio mudar a vida ao Manel Maria.
Da garrafa, companheira de longas datas, passou a meninas bem comportadas e de boas famílias. Comprou uma T-shirt nova, vermelha como as do Benfica e até teve direito a um ingresso no estádio do glorioso para ver Portugal jogar com os húngaros, caneco.
Os dias sombrios deram lugar a dias de sol... a alegria tinha voltado...
Da vida antiga apenas lhe restava uma lembrança fugaz dos dias sofridos nas salas da Faculdade de Medicina, ali ao Campo de Santana... bem como restícios de uma paixão chamada Maria Isabel, que tinha caracóis e que o tinha levado ao vinho...
A vida convidava-o a sorrir de novo e o Manel Maria não estava disposto a perder esse sorriso... aprisionou-se e consigo levou o 67, o talismã responsável por uma vida nova...
"Por favor feche a porta"... e deixe o Manel Maria descansar em paz...
O SM agradece... o 67 também!

sexta-feira, julho 21, 2006

Da efemeridade das coisas


A bolinha de sabão perguntou a outra bolinha de sabão:
- Para ondes vais? Quero ir contigo!
A outra bolinha de sabão respondeu-lhe:
- Todas me querem seguir... sou o máximo! Vou tentar bater o record de voo das bolas de sabão... vem se quiseres.
Dito isto, rebentou.
A bolinha de sabão ficou de boca aberta e, de boca aberta, voou mais alto, mais alto... até que um pássaro a debicou... rebentou em paz.
Uma outra bolinha que tinha assistido a tudo, sorriu e exclamou:
- Tudo é efémero! - e rebentou quando o passarinho lhe cagou em cima...

quarta-feira, julho 19, 2006

Que saudades me deste...


O Xicuvas era um gajo porreiro!
Infelizmente nunca ninguém o entendeu, como ele merecia.
Quem o conheceu não pode negar o que digo... o tipo era um cromo, sim, mas também era um coração mole... por vezes exagerava nas suas cenas de ciúmes, é verdade, mas quem é o homem com H grande que não faz tudo para defender a sua gaja? Defende o seu território e não gosta que outros manfios farejem muito por perto.
Tive pena quando soube o que lhe tinha acontecido!
Mas fiquei contente por ele!
Dizem que não resistiu quando, no seu fato domingueiro, a extraterrestre o arrastou com beijos para a nave...
O Xicuvas tinha finalmente encontrado alguém que o comprendia...
Ò Xicuvas, deixaste saudades a quem te conheceu e um amargo na boca dos que se riam de ti...
Que sejas muito feliz, é o que tenho para te dizer!

domingo, julho 16, 2006

Um risquinho voltado para cima


Era uma vez um palhaço com ar engraçado que gostava de usar pintas.
Pintas aqui, pintas ali... o palhaçinho não vivia sem pintas.
Um dia, ficou doente e o chimpazé de serviço foi visitá-lo.
Analisou-lhe as pintas e concluiu que lhe faltava qualquer coisa...
Pensou, pensou... consultou bulas e bulas... até que gritou: "Eureka! Já sei de que precisas, palhaço de ar engraçado."
O chimpazé tirou uma das pintas ao palhaço e substituiu-a por um risquinho voltado para cima.
Que maravilha!
O palhaço com ar engraçado que gostava de usar pintas ficou curado, nunca mais deixou o risquinho voltado para cima e nunca mais ficou doente.

A lenda do caracol


Esta é a lenda do caracol que vivia numa garrafa de vidro, no meio do bosque, e que passava os dias prepararando deliciosos gelados de ervas e flores silvestres para os amigos devorarem com gosto.
Os animais adoravam aqueles gelados, de sabores tão diversos como papoila, madre-silva, malmequer e margarida, azeda, lúcia-lima, camomila e muitos outros.
Um dia, o caracol apaixonou-se por uma borboleta branca com uma risca vermelha em cada asa e convidou-a para um gelado em sua casa.
A borboleta aceitou e entrou na garrafa do caracol. Comeram gelados, trocaram beijos, dançaram e ficaram a contar estrelas cadentes até o dia nascer.
De manhã, a borboleta acariciou os corninhos do caracol e deu-lhe um enorme beijo. Tinha que partir; levava o desejo de regressar mais à tardinha, para recontar as estrelas e procurar outras galáxias, mais além.
Mas para essa borboleta de asas brancas a noite nunca chegou e foi sempre e apenas a manhã do dia seguinte…
As suas asas, de tão feliz se sentir, bateram demasiado rápido e partiram-se à saída da garrafa…
A borboleta caíu imóvel no chão e o caracol deixou escorregar uma solitária lágrima de dor sob o seu corpo inerte. A risca vermelha da asa direita soltou-se, tomou a forma de coração e foi colar-se à casca do caracol.
Ele então entendeu tudo…
À tarde, os animais do bosque passaram por casa do caracol à procura de novos gelados e outros sabores, mas não o encontraram.
No lugar onde tinha sido a sua casa erguia-se agora uma fonte, enfeitada com dois corações entrelaçados, muito vermelhinhos e reluzentes, de onde saíam gelados de todas as cores e sabores…
Diz a lenda que no meio de um bosque qualquer de um país distante, a fonte dos corações ainda se ergue e dela ainda jorram deliciosos gelados coloridos.

sábado, julho 15, 2006

Love dog



Era uma vez um osso que fugiu ao cão que queria comê-lo.
O cão irritado correu veloz atrás dele.
“Hei-de apanhar-te!” – proferiu o cão já exausto.
Mas o osso não desistiu e continuou na sua louca corrida para a liberdade.
Quando passaram junto à marginal, no local onde os pescadores se reuniam, um exército de sardinhas saltou do mar e aterrou no focinho do cão que, enjoado com o cheiro intenso a peixe, não aguentou e tombou…

terça-feira, julho 11, 2006

Ode à indiferença

A minha galáctica

Ambiguidades



Isto de ser cinto é do caraças...

sexta-feira, julho 07, 2006

Obrigada

quarta-feira, julho 05, 2006

Chegou a hora... II


... de lavar as marcas pegajosas que a pele transpira... e deixá-la respirar...

Chegou a hora...


... de deixar os fantasmas lá fora...

Gajos bons...

... já estão na final...
E como diz o "outro": até jááááááá... Itália! Portugal vai a caminho...

terça-feira, julho 04, 2006

O mundo inteiro só para mim



A minha solidão tem o tamanho do céu.... pintadinho de estrelas, impossíveis de apanhar...

Comodismos e conformismos


Deixaste o mundo passar?
Porque ficaste aí parado e não o apanhaste?

Nem tudo o que parece é...

Quando construo os meus mundos, nado em rios de cimento e afogo-me em estruturas de aço e emaranhados de ferro...
Pego em mim, atiro-me de cabeça para o betão e, comigo própria, abro estradas de asfalto e caminhos de gravilha...
... apenas me esqueço dos pequenos gigantes que por aí andam... tão grandes que não cabem nos meus pensamentos... e os meus alicerces estremeçem...
Como são incómodos esses gigantes... tão provocadoramente incómodos...

segunda-feira, julho 03, 2006

Em frente... claro...

Gatos


"Não gosto dos gatos de luxo que ronronam deitados no canapé do salão, mas adoro os gatos que se tornaram vadios, de pêlos eriçados... Caçam aves, empaturram-se, correm as ruas como demónios... Lançam-nos olhares ferozes, prontos a saltarem-nos à cara... E já repararam que as gatas em liberdade estão sempre grávidas? Evidentemente, só pensam no amor..."
Picasso

domingo, julho 02, 2006

E agora...


... já acreditam?

sábado, julho 01, 2006

Até já



Os meus próximos momentos vão ser reflex-moments...

Como eles nos veêm...


Em 1880, Antero de Quental escrevia numa carta dirigida a João Lobo de Moura:
"A Rattazzi, que passou dois invernos a desfrutar os literatos de Lisboa, publicou agora um livro sobre Portugal, delicioso. Imagine uma paisiense descrevendo ao vivo, estes mirmidões! Não se fala de outra coisa e está tudo furioso."
No seu livro, "Portugal de Relance", Maria Rattazzi escreve o seguinte sobre o nobre povo lusitano:

"Imaginemos um pobre diabo caindo de fome em qualquer das praças públicas de Lisboa e confessando que não recebeu do céu a graça de ter nascido cidadão português.
1º - Se é inglês, dá-se-lhes os restos da comida da véspera;
2º - Se é alemão, um bocado de pão;
3º - Se é americano, um pão inteiro;
4º - Se é italiano, um copo de água;
5º - Se é francês, coisa nenhuma;
6º - Se é espanhol, uma garrafa de vinho envenenado.
Eis, pouco mais ou menos, a escala de estimação a que um estrangeiro pode aspirar em Portugal."