sábado, julho 01, 2006

Como eles nos veêm...


Em 1880, Antero de Quental escrevia numa carta dirigida a João Lobo de Moura:
"A Rattazzi, que passou dois invernos a desfrutar os literatos de Lisboa, publicou agora um livro sobre Portugal, delicioso. Imagine uma paisiense descrevendo ao vivo, estes mirmidões! Não se fala de outra coisa e está tudo furioso."
No seu livro, "Portugal de Relance", Maria Rattazzi escreve o seguinte sobre o nobre povo lusitano:

"Imaginemos um pobre diabo caindo de fome em qualquer das praças públicas de Lisboa e confessando que não recebeu do céu a graça de ter nascido cidadão português.
1º - Se é inglês, dá-se-lhes os restos da comida da véspera;
2º - Se é alemão, um bocado de pão;
3º - Se é americano, um pão inteiro;
4º - Se é italiano, um copo de água;
5º - Se é francês, coisa nenhuma;
6º - Se é espanhol, uma garrafa de vinho envenenado.
Eis, pouco mais ou menos, a escala de estimação a que um estrangeiro pode aspirar em Portugal."