A propósito da velhice IX...
Lisboa, centro comercial das Amoreiras, 17h.
Um banco, dois homens sentados...
Um, o mais velho, esguio, de barba grisalha e fininha, chapéu à pintor...
O outro, mais baixo e com uma figura perfeitamente banal, sem nada que se realçe...
Levantam-se
- Ó pai, vá lá, fique aqui sentado, está bem?
- Sim, eu fico...
Murmura qualquer coisa que não entendo e o outro diz-lhe:
- A sério pai, não saia daqui, eu volto já.
- Olha para este... julga que sou pai dele... ou quê...
O mais novo afasta-se enquanto o outro se senta, contrariado e a murmurar coisas que só ele consegue ouvir...
Passa uma miúda, calças de ganga, t-shirt curta, uma tatuagem a espreitar, ali na zona da barriguinha...
O velho, observa-a... olha-a com ar de mestre... faz que sim com a cabeça e continua:
- ... pensa que sou pai dele...
Ou quê... digo eu...
E é suficiente...
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